TRATO ILIOTIBIAL
Historicamente o trato Iliotibial foi descrito pela primeira vez por Vesalius em 1543, recebendo grande contribuição nos seus estudos em 1843 pelo francês Maissiat (Faixa de Maissiat). Anatomicamente é uma estrutura complexa, formada por parte das inserções dos músculos glúteo máximo e tensor da fáscia lata, e pela fáscia lateral da coxa, sendo denominada aponeurose glútea. Apresenta trajeto distal na coxa, inserindo-se no Tubérculo de Gerdy na Tíbia, na retinácula lateral da patela e na fáscia da perna.
Suas funções são:
- auxiliar postural e no equilíbrio ao nível do quadril
- coordenação do balanço entre joelho e quadril
- estabilizador lateral e rotacional do joelho
A Síndrome do Trato Iliotibial é causada pelo atrito excessivo da sua porção distal sobre o epicôndilo lateral do fêmur durante o movimento repetido de flexão e extensão do joelho. Alguns fatores podem predispor o seu aparecimento, como: pronação excessiva dos pés (causa rotação interna da tíbia e aumento do contato do trato com o fêmur), joelho em varo e o encurtamento e fraqueza muscular ao nível da coxa. Sendo assim, é uma patologia muito observada em ciclistas e corredores.
O sintoma característico é dor na lateral do joelho, inicialmente após grandes esforços, tornando-se freqüentes até acometer o paciente mesmo ao repouso. Pode haver inchaço local.
O exame físico deve ser minucioso para diferenciar esta patologia de outros processos locais, como: tendinite do Bíceps, condropatia/artrose, lesão no Ligamento Colateral Lateral, lesão no menisco lateral, Síndrome Patelo-Femoral, tendinite do Poplíteo e fratura por stress.
Os sinais clínicos verificados normalmente são:
- Dor a palpação lateral do joelho (aprox. 2 cm acima da linha articular), com piora quando o paciente encontra-se em ortostase e com flexão do joelho em 30 graus.
- Pontos gatilhos do músculo Vasto Lateral, Glúteo Médio e Bíceps Femoral ativados e irradiando distalmente para a lateral do joelho.
- Edema local
- Teste de Ober positive: demonstra o encurtamento to Trato Iliotibial.
O diagnóstico pode ser confirmado por exames de imagem (RNM).
Depois de identificado o fator causal, este deve ser abordado, junto ao tratamento sintomático do paciente. Apenas tratar a dor pode não ser o suficiente. Busca-se sempre tratar a CAUSA, atingindo assim as suas CONSEQUÊNCIAS. Os recursos terapêuticos utilizados são:
- Medicação sintomática: analgésicos e anti-inflamatórios (com moderação)
- Bandagens ou tiras
- Fisioterapia: inicialmente analgésica, acrescentando módulos de estímulo cicatricial, revascularização tendinosa, alongamento e reforço muscular, conforme a melhora dos sintomas. Terapia por Ondas de Choque (TOC) é um dos recursos que mais utilizamos na CORD, e os resultados correspondem com os da literatura mundial, que são extremamente animadores. Correções posturais podem ser necessários.
- Modificação no treinamento: minimizando atrito do trato com o fêmur, mas mantendo o treinamento cardiovascular do paciente e evitando encurtamento e atrofias musculares, que aumentariam o risco de recidiva.
- Infiltração local: pode ser necessário em casos de persistência da dor.
- Palmilhas para correção da pronação se houver necessidade.
- Cirurgia: em casos de insucesso com o tratamento conservador, visando o alongamento/liberação do Trato Iliotibial ou a diminuição do atrito deste com o epicôndilo lateral.